Texto de Mª Carolina Gonçalves apresentado ao PNED - Concurso Literário «A Ética na Vida e no Desporto»
Atenas faz parte do imaginário de qualquer atleta olímpico. Foi aqui que se começou a competir para honrar Zeus e que o jovem Fidípides alcançou a eternidade depois de, num último suspiro, gritar “Niké” para assinalar a vitória dos gregos sobre os persas na Batalha de Maratona.
Por isso o ano de 2004 foi especial para muitos atletas. Phelps alcançou seis medalhas de ouro. A cubana Yumileidi Cumbá tornou-se a primeira mulher campeã em Olímpia. Como devem agradecer o facto de Pierre de Coubertin ter recuperado o sonho Olímpico.
Este ano também foi especial para duas das estrelas do atletismo lusófono, o angolano Agostinho e o português Mário. Unia-os a forma como deslizavam sobre asfalto e o espanto que provocavam por onde passavam.
A 29 de agosto disputaram a medalha da prova mais simbólica, a Maratona. Na dianteira de um grupo de 20 atletas encontrava-se Mário. Agostinho seguia no seu encalce, esperando uma oportunidade para ultrapassar o concorrente que teimava em não abrandar. Ambos ambicionavam com a glória eterna, com a medalha dourada e com os proveitos resultantes do patrocínio de uma marca desportiva alemã ou norte-americana… a escassos metros da meta surge a derradeira oportunidade. Mário tropeça e cai. Quase que perde os sentidos… o cansaço acumulado ao longo de um percurso de mais de 40 km impede-o de ter o discernimento de que a prova ainda não havia terminado. Agostinho, ao aperceber-se da situação, decide gritar pelo português… incentiva-o a continuar a correr… em vão! Mário apenas ouve um ruído de fundo. Surpreendentemente, quando o angolano se prepara para o ultrapassar, para. Troca uma breves palavras com o seu adversário e espera que este arranque. Depois segue-o. Após cortar com a meta em 2º lugar é questionado por um jornalista:
- Porque não aproveitou a oportunidade para atingir o Olimpo? - Mas eu atingi o Olimpo… - respondeu Agostinho de forma sublime. - Como? – insistiu o jornalista
- O importante não é a conquista, mas o esforço da competição.