29 janeiro 2023

Da exigência no topo ao respeito da base...

Por Guilherme Cabaço, 12º C

Artigo de opinião apresentado na iniciativa do Público - Isto também é comigo



O primeiro ano da XV Legislatura da Terceira República tem sido marcado por polémicas que envolvem os detentores de cargos públicos.
O antigo secretário de Estado da Defesa Jorge Seguro Sanches demonstrou-se surpreendido com a falta de ética e valores revelados nos últimos meses por alguns elementos que exercem “funções de interesse público e de serviço ao nosso país”, a qual tem atingido a perceção popular em relação “ao atual governo”
Exige-se a um responsável político, como representante de todos os cidadãos, uma elevada postura ética. Neste sentido, mais do que cumprir os preceitos legalmente definidos, apela-se à adoção de uma conduta que obedeça aos princípios morais vigentes. Sem que seja salvaguardada esta condição dificilmente pode ser garantida uma boa gestão da “res publica”, que garanta princípios básicos como da igualdade ou da liberdade. A realidade tem sido pródiga em casos públicos de abuso de poder, corrupção e tráfico de influências de agentes que, ao invés de serem afastados, são “promovidos” politicamente..
De acordo com um artigo «Corrupção em Portugal: Definições, Sinais e Principais Fontes», publicado no site da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a “corrupção é a principal causa do atraso no desenvolvimento e da prevalência económica e social em Portugal”, estimando-se que “equivalha a 8-10%” do PIB nacional”. Facilmente se conclui que este é um problema que urge enfrentar. Mas como? Considerando as potencialidades da educação pelo exemplo, urge, cada vez mais, um maior cuidado na triagem dos responsáveis políticos. Para o efeito foi estabelecido que os futuros membros do governo deveriam o preencher um "questionário de 34 perguntas". Será esta a melhor opção? Não creio... Jorge Seguro Sanches alertou que, mais importante do que “se criarem mais mecanismos de escrutínio prévio” importa que os elementos convidados tenham “bom senso” antes de aceitarem a nomeação. Mas devemos ser ainda mais exigentes. Conforme concluiu Tácito ano I da Era Cristã, “quanto mais corrupta fosse a República maior seria o número de leis. Ora, a aplicação do procedimento proposto apenas vem desresponsabilizar quem o propõe o nome dos novos responsáveis políticos.

Artigo analisado disponível em

Palavras&Cª. Abril de 2024